Mitos e Verdades em Saúde - 2



É verdade que não se deve deitar logo após uma refeição?
Mito. Deitar-se logo após uma refeição somente irá acelerar o processo de digestão, pois o organismo concentrará suas atividades no processo digestório. Essa é a razão pela qual sentimos fome quando acordamos.


Dormir pouco engorda?
Verdade. A redução de horas de sono desencadeia mecanismos que estimulam a glândula suprarrenal a produzir mais cortisol, um dos hormônios que aumentam em situações de estresse. Dessa forma, o cortisol prepara o organismo para o perigo iminente e, para tanto, ajuda a acumular gordura, em especial gordura abdominal, que é a mais maléfica para a saúde.

Carne vermelha faz mal a saúde?
Mito. A carne vermelha bovina é uma fonte importante de proteína, ferro, zinco e vitamina B12. As quantidades de ferro e vitamina B12 nela presentes nem se comparam às da carne branca. No entanto, o consumo elevado tem sido associado a um maior risco de doenças coronarianas, devido ao alto teor de gordura saturada presente no alimento. Assim, para aproveitar seus benefícios, o melhor é ingerir a carne bovina três vezes por semana e optar por carnes vermelhas mais magras, como patinho, alcatra, maminha, etc.

Banana engorda?
Mito. É rica em vitaminas e sais minerais, podendo ser usada na substituição da farinha de trigo, já que oferece a liga necessária. Quando cozida, a banana fica sem sabor, o que permite utilizá-la em massas para pães e bolos. Experimente.

Cafeína acelera o metabolismo?
Verdade. No entanto, não confie apenas nisso se o seu interesse for a perda de peso. A aceleração provocada pela cafeína é pequena e temporária. A vantagem da cafeína é que ela pode proporcionar um pique extra. Para aqueles que já estão habituados a consumi-la diariamente, não traz efeito algum.

Suco de laranja com beterraba cura a anemia?
Mito. Pode ajudar, pois a beterraba é rica em ferro não heme (de difícil absorção) e a presença da vitamina C da laranja torna esse ferro melhor disponível. Porém, é o conjunto da dieta que vai determinar a cura da anemia, não apenas o suco. Deve se dar mais importância para alimentos fonte de ferro heme (ferro disponível), como as carnes.

Dieta não reduz o número de células de gordura?
Verdade. As células de gorduras são produzidas durante a infância e adolescência, permanecendo vivas para sempre. Mesmo emagrecendo, as células apenas diminuem de tamanho, e o número continua igual. Por isso, crianças e adolescentes que foram obesos, na fase adulta apresentam maiores chances de voltarem a ganhar peso, devido ao número elevado de células existentes.

Comer assistindo TV engorda?
Verdade. A TV nos distrai e acabamos comendo mais do que seria o ideal. As refeições devem ser realizadas em lugares calmos e os alimentos devem ser mastigados lentamente, para que o cérebro acione o centro da saciedade que faz com que sua fome seja satisfeita com menos quantidade de alimento.

Tomar água quente em jejum queima a gordura?
Mito. Beber água quente em jejum não elimina a gordura. Existem alguns alimentos que são chamados de termogênicos (aceleram o metabolismo) como, por exemplo, a cafeína. Para perder peso e queimar gordura deve-se diminuir as calorias totais ingeridas durante o dia, consumir menos alimentos ricos em gorduras e praticar exercícios físicos.

Verduras congeladas perdem o seu valor nutritivo?
Verduras podem ser congeladas tranquilamente. As propriedades, vitaminas e minerais nao serão perdidos. Porém, o tempo de congelamento para produtos in natura é de 1 mês. Acima disso, os nutrientes podem ser comprometidos.

Faz mal ingerir carnes ou peixes crus durante a gravidez?
Deve ser evitado, pois a gravidez é uma situação de cuidado especial. Comidas cruas são de fácil contaminação e se não tiverem cuidados higiênicos podem desencadear doenças de origem alimentar como alergias e intoxicações.

Frutas desidratadas são tão boas quanto as frutas frescas?
Não. Pois as frutas frescas possuem maiores quantidades de vitaminas e minerais.

Alimentos crus e duros ajudam a desenvolver a musculatura da boca?
Sim. Pois, estimulam a mastigação, fortalecendo os músculos e facilitando a fala.

Crianças de qualquer idade podem comer frutos do mar?
Não. Somente a partir dos 2 anos de idade para evitar complicações como alergias e intolerâncias alimentares.

Barras de cereais fazem bem à saúde?
Sim, mas não fornecem quantidades suficientes de fibras para suprir o organismo.

É melhor comer frutas com ou sem casca?
O melhor é consumir com casca, pois ali que se encontram as maiores concentrações de fibras. Mas devem ser corretamente higienizadas devido à presença de agrotóxicos.

A alimentação pode aumentar a oleosidade da pele?
Não existe nada comprovado, mas alguns estudos mostram que alimentos com alto índice glicêmico podem elevar a oleosidade da pele e causar acne.

Beber água em excesso faz mal ao organismo?
Sim. Grandes volumes de líquidos podem levar a um desconforto gastrointestinal, que inclui vômitos. Além disso, podem ocasionar hiponatremia (baixo nível de sódio no sangue), que pode levar à morte.

O gás do refrigerante ou da água causa celulite?
Mito. O que contribui para celulite é a grande quantidade de açúcar e sódio presentes.


Fonte: http://www.sonutricao.com.br/conteudo/mitoverdade/

Pólipos da vesícula biliar: Como e quando tratar?

É denominado pólipo vesicular quando uma lesão projeta-se da parede vesicular para o interior da vesícula biliar. O diagnóstico de pólipo vesicular aumentou muito devido ao elevado uso da ultrassonografia abdominal. São diagnosticados em cerca de 5% da população em geral.

Os pólipos vesiculares são denominados de benignos ou malignos. Os benignos são classificados em: pseudotumores (pólipos de colesterol, pólipos inflamatórios; colesterolose e hiperplasia); tumores epiteliais (adenomas) e tumores mesenquimatosos (fibroma, lipoma, hemangioma). Os malignos são os carcinomas da vesícula biliar. Os pólipos inflamatórios são pouco frequentes. Consistem numa reação inflamatória local de proliferação epitelial, com infiltrado de células inflamatórias, estando associados muitas vezes a colecistite crônica.

O adenoma, apesar de ser um pólipo benigno, pode ter um comportamento pré-maligno. Esta é uma lesão habitualmente solitária, pediculada e pode estar associada a litíase vesicular.
Devido ao mau prognóstico do carcinoma da vesícula biliar, é importante diferenciar entre um pólipo benigno e um pólipo maligno ou pré-maligno, de forma a proporcionar um tratamento adequado.

O significado das lesões polipoides da vesicular biliar não é muito entendido pela maioria dos médicos e por isso a conduta nessas lesões é controversa. Habitualmente, os pólipos com mais de 1 cm de diâmetro são removidos cirurgicamente devido ao risco de malignização, sendo que os pacientes com pólipos menores necessitam de seguimento e diversas ultrassonografias de controle. Distinguir entre lesões não-neoplásicas, neoplásicas e lesões potencialmente malignas tem sido o grande desafio diagnóstico.

Geralmente, pólipos menores que 1 cm e assintomáticos são seguidos por 6 a 12 meses com ultrassonografias de controle para estudar um possível crescimento rápido dessas lesões. Alguns estudos, no entanto, demonstraram que somente o diâmetro do pólipo não é um critério seguro de exclusão neoplásica. Um estudo demonstrou que 52,6% dos pólipos vesiculares menores que 1 cm eram lesões pediculadas neoplásicas. Sugiyama et al reportaram que aproximadamente 30% dos pólipos entre 11 e 15 mm eram de colesterol. A colecistectomia videolaparoscópica é o tratamento considerado padrão-ouro no tratamento dos pólipos não-neoplásicos.

No estudo de Matos et al fez-se uma revisão da literatura internacional sobre o tema e um estudo retrospectivo dos doentes operados no Serviço de Cirurgia II dos Hospitais da Universidade de Coimbra (H.U.C).

Foi feito um estudo retrospectivo e correlação clínico-patológica de todos os doentes operados no Serviço de Cirurgia II com o diagnóstico pré-operatório de pólipos vesiculares, entre janeiro de 2003 e dezembro 2007. Foram excluídos os doentes com diagnóstico de pólipos que não foram propostos para terapêutica cirúrgica. Foram revistos os processos clínicos destes doentes e feita avaliação de dados demográficos, da apresentação clínica, dos principais sintomas, das patologias associadas e exames complementares de diagnóstico realizados. Avaliaram-se procedimentos cirúrgicos efetuadas, complicações pós-operatórias e seguimento pós-operatório durante um ano.

O exame de imagem escolhido para o estudo dos doentes foi a ultrassonografia abdominal, que tem uma sensibilidade e uma especificidade superior a 90% no diagnóstico de pólipos vesiculares, mesmo em lesões de pequenas dimensões.

Todas as peças operatórias foram submetidas a estudo anato-mopatológico, constatando-se que em 91 doentes tratava-se de pólipos benignos e em dois doentes de pólipos malignos. Dos 91 pólipos benignos, 73 (78,5%) eram pólipos de colesterol, 14 (15%) hiperplasias e dois (2,2%) adenomas. Em dois (2,2%) dos doentes tratava-se de pólipos malignos, adenocarcinoma da vesícula biliar O diâmetro médio dos pólipos benignos foi de 6 mm, a idade média destes doentes foi de 48,2 anos e 40 doentes (43%) apresentavam lesões múltiplas. Dos pólipos malignos o diâmetro médio foi de 21,5 mm, eram lesões solitárias e a idade média destes doentes foi de 58,5 anos.

Quando agrupados os pólipos malignos e pré-malignos (adenomas) constatou-se que o diâmetro médio foi de 18,8 mm; eram todas lesões solitárias e a idade média destes doentes foi de 57,7 anos.
Neste estudo nenhuma lesão maligna ou pré-maligna foi inferior a 10 mm e apenas um destes doentes tinha idade inferior a 50 anos.

A morbidade pós-operatória foi de 4,3%, dois doentes (2,2%) com infecção superficial da ferida operatória e 2 doentes (2,2%) com diarreia. Não houve mortalidade.

Quando comparada a clínica apresentada pelos doentes antes da cirurgia com a clínica pós-cirurgia, durante o seguimento de um ano, verificou-se que 78 doentes (83,9%) mantiveram as mesmas queixas, não tendo nenhum benefício clínico com a cirurgia.

Conclui-se que o tratamento cirúrgico dos pólipos vesiculares é a colecistectomia e só deve ser realizado quando existe: clínica relacionada com o pólipo; pólipos de diâmetro superior a 10 mm; crescimento do pólipo num curto espaço de tempo; pólipo séssil ou base de inserção larga; pólipo com longo pedículo; idade do doente superior a 50 anos; coexistência de litíase vesicular; pólipos localizados no infundíbulo da vesícula ou alterações ecográficas na parede vesicular.

Doentes jovens com pólipos inferiores a 10 mm, assintomáticos ou apenas queixas dispépticas, não necessitam de nenhum tratamento, apenas vigilância clínica ecográfica a cada seis meses.

Os autores do estudo da Universidade de Coimbra por sua experiência, criaram critérios para indicação de cirurgia no tratamento dos pólipos da vesícula biliar baseados em critérios clínicos e de imagem de grande utilidade na prática diária de clínicos e cirurgiões frente a uma patologia cada vez mais diagnosticada.


Fonte: Revista da Associação Médica Brasileira
Autor: Elias Jirjoss Ilias

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